Há vozes que, quando nos chegam, trazem consigo um certo mistério, uma história qualquer que desperta em nós uma enorme curiosidade. Na maioria das vezes, isso acontece porque não se ajustam aos corpos, às idades ou até à maneira de ser de quem as possui.
No entanto, uma das mais interessantes particularidades das vozes portuguesas ao cantar música portuguesa é que, se forem autênticas, genuínas e sinceras com o que fazem e sentem, no fim são verdadeiramente portuguesas. Sem qualquer estereótipo. E é quando se deixam levar pela voz que têm e a sabem gerir que o canto português surge em toda a sua plenitude, ganhando um valor imenso.
Neste momento, não há muito a dizer sobre uma cantora que lança agora o primeiro single do seu disco de estreia. Embora tenha participado em alguns projetos musicais, continua a ser uma revelação – quase como um pequeno segredo que se vai, aos poucos, desvendando. Se bem me faço entender. Mas o mais interessante é que está em constante crescimento e, nesse percurso, vai-nos sempre revelando mais um segredo, e outro, e outro... E assim nos vai conquistando, até que, quando menos esperamos, a sua arte nos fica impregnada na alma.
Cantar fado é, acima de tudo, contar uma história, partilhar e contagiar com a nossa crença, mas também dar liberdade a quem nos ouve para criar o seu próprio imaginário. E, para isso, não devem existir distrações: tudo tem de ser claro, deixando a sensação de que se canta assim sem que se saiba bem porquê.
